sábado, 17 de outubro de 2009

A parábola da águia


Não, não é um ovo, é o mundo que lá está e dele liberta-se uma águia que agora pode voar por novos céus e conhecer novos horizontes.

Sim, essa águia agora pode voar, pois toda a sua plumagem já está formada e suas asas estão prontas; elas sempre estiveram.

Mas havia o medo de cair, e a vertigem, o seu desejo de cair mesmo quando planava entre nuvens celestiais; é o solo que a chama para criar raízes. Ele lhe diz: “Cria raízes, torna-te árvore, e poderás crescer e, com teus braços, tocar os céus; então terás céus e terra a teu alcance.”

E há o sol que a cega e a queima, o frio das noites nas alturas e a solidão.

Mas há também os novos horizontes, as novas paisagens, cuja contemplação lhe dá prazer, um novo mundo que lhe abre as portas nas alturas de seu voo.

Mas o mundo a prendia, como um ovo que é preciso romper para nascer.

E era nascida sem romper a casca deste ovo, voando sem voar.

O mundo que lhe protege lhe priva dos céus.

Então, um dia, ela ouve, numa noite soa a seus ouvidos a dança dos corpos celestes e, em seu canto, escuta o chamado dos céus.

Então, ela rompe o mundo com suas asas e, abrindo-as lentamente, sentindo toda a força da liberdade, ela alça voo, plana nos céus e faz piruetas no ar.

E a terra a chama novamente, e ela mergulha em direção ao solo como um corpo em queda; então, antes de tocá-la, novamente sobe aos céus, em direção ao sol, em direção ao infinito.

É agora uma ave de rapina e precisa de uma presa.

Márcio Jardson

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