quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dê-me só uns dez minutos


Simão Bacamarte por Fábio Moon

O Alienista, publicado em forma de folhetim entre outubro de 1881 e março de 1882, desde este ano faz parte de um dos mais importantes livros de contos de Machado de Assis, Papéis Avulsos. Neste conto, que já foi inclusive publicado como romance independente, Simão Bacamarte, dito “homem de ciência”, torna-se alienista pata tratar do problema da loucura na cidade de Itaguaí, criando a Casa Verde, na qual chega a internar mais de metade da população da cidade.
Em sua incansável busca por uma fórmula para a loucura e outra para sua cura, condena à reclusão no sanatório ilustres senhores ligados ao poder público, comerciantes, populares e até a própria esposa. Não consegue, a despeito de todo o seu empenho e árduo trabalho, alcançar o seu intuito, permanecendo sem respostas para as suas mais científicas perguntas. Todos os defeitos da moral, todas as imperfeições inerentes ao espírito humano lhe parecem mecanismos que levam a algum tipo de doença mental. Desta feita, todos lhe parecem loucos.
Até que todas as pessoas que lhe são próximas convencem-no de que é a única pessoa que se encontra verdadeiramente em perfeito equilíbrio de todas as faculdades mentais e morais, e que só não consegue perceber isto por causa de mais uma de suas virtudes, a modéstia. Descobre então que, por ser a única pessoa equilibrada, deve ser a única realmente louca. Os verdadeiros loucos devem ser aqueles que tentam compreender a loucura, realmente.
Talvez a Sandice necessite apenas de dez minutos para compreender os mistérios da vida e da morte, como ela mesma o afirma no capítulo oito das Memórias Póstumas de Brás Cubas. Seja como for, O Alienista prova que nós ainda não estamos preparados para compreendê-la ou aceitá-la.

Amâncio Siqueira

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