segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Entrevista com a escritora Maria Goretti Fernandes

Capa do romance A Bruxa da Floresta, de Maria Goretti Fernandes

Os escritores Amâncio Siqueira e Maria Goretti Fernandes conversaram descontraidamente no estande da autora na VII Bienal Internacional do livro de Pernambuco, e o Phallos traz algumas opiniões da romancista.
Amâncio: No tocante à escrita, você considera mais importante a chamada inspiração ou o trabalho, a dedicação?
Maria Goretti: Depende do escritor. É preciso ter técnica e criatividade. Inspiração é sinônimo de criatividade. Inspiração não chega por acaso. É com o trabalho que chega.
Amâncio: E quanto ao seu processo criativo: você tem horários fixos para escrever?
Maria Goretti: Escrevo todo dia, toda hora, em todo lugar. (Apontei o caderninho que ela rabiscava no momento em que cheguei). Sim, estou escrevendo nos momentos mais tranqüilos da bienal, para meu próximo livro. Não perco tempo.
(O novo romance da autora ainda não tem título e deverá ser lançado no próximo ano.)
Amâncio: E como tem sido o desempenho do seu estande na bienal? (A autora colocou um estande independente na bienal, no qual atende ao público, vende os sete livros até agora publicados e autografa).
Maria Goretti: Está indo além das expectativas. É claro que é bem oneroso, mas o público está sendo muito receptivo.
Amâncio: E quando você tomou a decisão de dedicar-se à literatura em tempo integral?
Maria Goretti: Fui professora durante dezessete anos e deixei as salas de aula porque queria mais tempo para escrever. Comecei a escrever ainda menina, terminando meu primeiro livro, “...Amar por amar...”, aos quinze anos, mas só comecei a publicar em 2003. Venho publicando desde então um livro por ano.
Amâncio: Podemos então dizer que sua saída da escola deveu-se não a um fato negativo, mas à escolha positiva pela literatura.
Maria Goretti: Sim. O desinteresse dos alunos me desgostava, mas não foi o ponto decisivo para minha escolha.
Amâncio: Vendo retrospectivamente, com mais de cinco mil exemplares vendidos dos seus livros, você pode afirmar que dá para viver apenas como escritora no Brasil?
Maria Goretti: Apenas escrevendo não dá. O escritor tem que se envolver em toda a cadeia produtiva do livro, tem que vender. Divulgação é muito difícil. Os jornais só querem falar do seu livro se você pagar, não fazem uma resenha crítica. Já presenciei pessoas apresentando um novo disco e a resenha é gratuita e rápida. Com os livros é diferente. Também não sei dizer se os pernambucanos lêem pouco, mas você pode ver que, ao tentar lembrar autores pernambucanos, sempre pensam nos importados. (Aqui lembrei o caso do Ariano Suassuna, que é paraibano). Exato. A editora (a autora publica independentemente, mas a editora que lhe vende o serviço gráfico é a Bagaço) também sequer quis colocar meus livros no seu estande. As livrarias só vendem seu livro se receberem metade do valor. Meu esposo é meu agente, ajuda muito nas vendas, mas mesmo assim não diria que se pode viver sendo apenas escritora. Escrevo mesmo porque é a única coisa que me dá prazer. Só escrevendo me sinto como ser humano.

Um comentário:

Unknown disse...

A melhor autora, já li todos os seus livros e em cada romance me apaixono, Maria F. simplesmente MARAVILHOSA!