sábado, 17 de outubro de 2009

Herta Müller recebe o Nobel de literatura e o prêmio Franz Werfel 2009

Capa do romance Atemschaukel, que valeu à autora Franz Werfel

Herta Müller nasceu em 1953 na Romênia, numa família da minoria alemã refugiada da última guerra naquele país, e vive desde 1987 em Berlim.
A sua obra trata da vida na Romênia sob a ditadura de Ceaucescu, abordando ainda a questão das minorias alemãs em países da Europa Central, no pós-guerra. Herta Müller, ao ter conhecimento do prémio que lhe fora atribuído afirmou :"Quem ganhou não fui eu, foram os livros."
A Academia sueca sublinha que Herta Müller consegue, "com a densidade da sua poesia e a franqueza da sua prosa, retratar o universo dos desapossados". Herta estudou alemão e literatura romena na sua terra natal e trabalhou depois como tradutora numa fábrica de Timisoara, antes de ser demitida das suas funções em 1979 por se ter recusado a colaborar com a polícia política de Nicolae Ceaucescu. Acabou por abandonar o seu país em 1987 para ir para a Alemanha com o marido, o também escritor Richard Wagner. Para trás deixou uma longa luta perdida pela publicação dos seus trabalhos frontalmente críticos ao regime totalitário de Ceausescu, que acabaria por ser derrubado dois anos depois de ter saído da Romênia.
Em 1984 foi distinguida com o Prêmio Aspekte e onze anos depois recebeu o prêmio europeu de literatura Aristeion e foi eleita para a Academia Alemã para Língua e Poesia. Em 1998, recebeu o prêmio irlandês IMPAC, no ano seguinte o Prêmio Franz Kafka. Em 2003, foi contemplada com o prêmio Joseph Breitbach de literatura alemã, em 2004 com o prêmio de literatura da Fundação Konrad Adenauer e, em 2006, com o Prêmio Würth de literatura europeia.
De acordo com comunicado divulgado pela sua editora, Hanser Verlag, Herta teria ficado surpreendida com a notícia e terá mesmo dito: “Estou surpreendida e ainda nem acredito, de momento não posso dizer mais nada”.

Uma semana depois, novo prêmio.

Desta vez, pela defesa da paz.
O prêmio Franz Werfel (1890-1945), em memória do escritor judeu de mesmo nome, é concedido a cada dois anos e entregue em 1º de novembro na Igreja de São Paulo, em Frankfurt. A escritora alemã ganhará 10.000 euros pelo romance "Atemschaukel" (sem previsão de lançamento em língua portuguesa), no qual descreve a deportação de um romeno de origem alemã para um campo de trabalho na União Soviética de 1945. Nesse recente trabalho, a Nobel de Literatura descreve "os múltiplos horrores da vida em um campo de trabalho de uma maneira literariamente única", segundo o júri do prêmio Franz Werfel. Para os jurados, o romance de Müller deixa claro que, mesmo após o término da Segunda Guerra Mundial, os direitos humanos continuaram sendo desrespeitados em amplas partes da Europa.
Um porta-voz da fundação anunciou que, em 1º de outubro, dias antes do anúncio do Nobel de Literatura, um júri já havia escolhido Müller como ganhadora do prêmio de direitos humanos.
O Phallos pede desculpas aos leitores por ainda não ter divulgado a crítica do único livro da autora publicado no Brasil, O compromisso. Ocorre que a única edição contou com apenas mil exemplares e até junho apenas cerca de trezentos haviam sido vendidos, e nenhum veio parar em nossas mãos. Procuramos ainda na bienal de Pernambuco, sem sucesso. Prometemos para breve obter um exemplar e passar nossas opiniões e recomendação.
Esta matéria contou com informações da agência de notícias EFE.

Socó Pombo

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