domingo, 4 de outubro de 2009

O gênio louco do "Assim Falava Zaratustra"


“Aqueles que não podem suportar a minha filosofia estão condenados, e aqueles que a consideram como a bênção maior, estão destinados a ser os senhores do mundo.”

E não seria ele, Friedrich Nietzsche, o sátiro adorado como santo?

À medida que Nietzche se aproximava do zênite de sua vida, ansiava pela noite. O sol que havia dentro dele, aqueles olhos ardentes de sua analítica, consumiu-se no excesso do seu próprio brilho. “Não sou um homem – murmurava ele – sou dinamite.”

Alquebrava-se-lhe, paulatinamente, o espírito. A luz rendia-se às sombras. No dia três de janeiro de 1889, aos cinqüenta e cinco anos de idade, sofreu uma crise mental. Assentou-se ao piano e atirou-se ao teclado num demente êxtase de música. Tinha as faces incendiadas.

“É noite; agora falam mais alto todas as fontes abundantes.

... É noite; só agora despertam todas as canções dos amantes.”

Os seus sentidos, pela primeira vez, mostraram-se perfeitos. “Sou Dionísio”, gritava; “sou o deus da alegria!”. Atingira, enfim, o momento supremo de sua afirmação física – agora que lhe morrera o espírito.

Era o único fim possível para essa grande tragédia grega. Atrevera-se o homem a erguer-se contra os deuses e, pela sua obstinação, tinham-no, os deuses, ensandecido. Durante dez anos vegetou num asilo, antes que se lhe reunisse, na morte, o corpo ao espírito. Entre os seus papéis foi encontrada uma nota escrita pelo seu próprio punho. Estava assinada: O Crucificado.

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