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segunda-feira, 15 de março de 2010

Suspeito de assassinar Glauco é detido em Foz


O Phallos não tem por objetivo publicar notícias policiais. Porém, quando o mundo da arte perde um dos seus mais importantes representantes de maneira vilenta, as notícias policias e culturais entrechocam-se. Foi assim com a morte do cartunista Glauco e seu filho. Felizmente, o assassino, que praticou o crime motivado por um surto psicótico de origem religiosa, foi preso.

Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, suspeito pela morte do cartunista Glauco Villas Boas e de seu filho Raoni, foi preso às 23 horas de domingo, 14, enquanto tentava fugir do Brasil pela Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, na fronteira com o Paraguai. Ele estava foragido desde sexta-feira, 12. Segundo a Polícia Federal (PF) de Foz do Iguaçu, Nunes dirigia um Fiesta Preto roubado, com placa de São Paulo.

Ao ser abordado para procedimentos de rotina, ele saiu do carro e atirou, baleando no braço um agente da PF, que não corre risco de vida. Em seguida houve troca de tiros e Nunes foi preso em flagrante por tentativa de homicídio e resistência à prisão. "Ele é muito falante e continua dizendo que é Jesus", disse Ocimar Moura, agente da PF.
Nunes estava com uma pistola usada igual a do crime, uma semi-automática oxidada 7,65 mm, e ficará preso na delegacia da PF até segunda ordem da Justiça Federal de Foz do Iguaçu. Ele deve ser indiciado por cinco crimes: duplo homicídio de Glauco e Raoni, roubo de veículo, resistência à prisão, porte ilegal de arma e tentativa de homicídio do agente da PF.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Luto: Morre J. D. Salinger


O autor que é uma das raras unanimidades entre os colaboradores do Phallos, J. D. Salinger morreu na casa onde vivia em Cornish, no estado de New Hampshire, Estados Unidos, informou nesta quinta-feira sua agência literária, a Harold Ober Associates. A causa da morte não foi revelada no aviso oficial. A família divulgou mais tarde que teriam sido "causas naturais". O autor havia se isolado no local em 1953, para fugir do assédio incitado pela fama conquistada pelo seu mais memorável trabalho: O apanhador no campo de centeio (1950).

Livros de memórias escritos recentemente por sua filha, Margaret, e por uma ex-amante, Joyce Maynard, afirmam que Salinger ainda escrevia, embora não desse nenhum sinal de pretender publicar uma só linha.

Em uma rara entrevista concedida em 1980 ao jornal Boston Sunday Globe, Salinger disse: "Eu amo escrever, e garanto a você que escrevo regularmente. Mas eu escrevo para mim mesmo, e quero ser deixado absolutamente sozinho para fazê-lo".

Jerome David Salinger nasceu em 1º de janeiro de 1919 em Manhattan, Nova York, filho de pai judeu de origem polonesa e mãe irlandesa, convertida ao judaísmo.

Começou a escrever histórias ainda adolescente. Em 1940, publicou sua primeira história, "The young ones", na revista Story.

Pouco depois, os Estados Unidos entraram na Segunda Guerra Mundial, e o jovem Salinger foi recrutado em 1942. Ele participou da invasão da Normandia no Dia D, e as experiências vividas na época da guerra o marcaram para sempre.

Depois da guerra, Salinger se casou com uma alemã, porém poucos meses depois o casal se separou.

Em 1948, publicou o conto "A perfect day for bananafish" na New Yorker, no qual apresentou ao mundo a família Glass e suas sete crianças: Seymour, Buddy, Boo Boo, Walt, Waker, Zooey e Franny, que apareceriam depois em várias histórias.

No entanto, foi com "O apanhador no campo de centeio", seu primeiro romance, publicado três anos depois, que J.D. Salinger selou sua reputação. O livro alcançou sucesso imediato, e até hoje é leitura obrigatória em muitas escolas - vende cerca de 250.000 cópias por ano.

As aventuras e desventuras de Holden Caufield, que na adolescência foge do colégio do qual havia sido expulso e passa alguns dias sozinho em Nova York, convivendo com professores homossexuais, prostitutas e cafetões, gastando todo o dinheiro antes de voltar para casa, fascinaram inúmeras gerações de jovens. O enredo pouco diz da essência deste excelente trabalho, que se trata de um romance intimista, no qual se dá vazão às memórias e opiniões de Caufield.

Na época, o livro foi criticado pelo uso liberal de palavrões e pelas referências abertas à sexualidade. Em alguns países, chegou a ser proibido.

Outras coletâneas de contos e romances bem-sucedidos se seguiram ao "Apanhador no campo de centeio", como "Franny e Zooey", até 1965, quando "Hapworth 16: 1924" foi publicado na revista New Yorker.

"Há uma paz maravilhosa quando não se publica. É pacífico", afirmou Salinger em 1974, quando quebrou mais de 20 anos de silência em uma entrevista dada por telefone ao jornal The New York Times.

"Publicar é uma terrível invasão da minha privacidade. Eu gosto de escrever. Eu amo escrever. Mas eu escrevo apenas para mim e para meu próprio prazer", decretou.

Em 1955, casou-se novamente, desta vez com Claire Douglas, na época uma jovem estudante, com quem teve dois filhos, Margaret e Matt. Em seu livro de memórias "The dream catcher (O apanhador de sonhos)", a filha descreve o pai como um homem autoritário que mantinha sua mãe "praticamente como uma prisioneira".

O casal se divorciou em 1967, e em 1972 Salinger iniciou seu longo relacionamento com Joyce Maynard, então com 18 anos, que conheceu trocando cartas.

Em 1999, algumas das cartas escritas pelo romancista a Maynard foram leiloadas por mais de 150.000 dólares.

Salinger permaneceu na casa de Cornish até o último dia de sua vida. Desde os anos 80, era casado com Collen O'Neill. Ele defendia sua privacidade com unhas e dentes, mesmo quando aparecia nos tribunais para processar a eventual publicação de alguma de suas cartas.

Ele recusou todas as ofertas feitas para adaptar "O apanhador no campo de centeio" para o cinema, ou mesmo para escrever uma continuação para a história.

"Não há mais nada sobre Holden Caulfield. Leia o livro novamente. Está tudo lá. Holden Caulfield é apenas um momento congelado no tempo", disse Salinger certa vez ao Boston Globe.

Apesar da falta de publicações, Salinger teria confessado em 1978 a Jerry Burt, seu vizinho e amigo, que escrevia com regularidade e teria pelos menos 15 obras completas guardadas em um cofre.

Burt revelou em 1999 que chegou a ver o cofre aberto na casa do autor, mas não saberia confirmar se a confissão de Salinger era verdadeira, pois a escuridão encobria seu provável conteúdo.

O apanhador no campo de centeio e sua influência

O culto ao "O Apanhador no Campo de Centeio" ganhou as páginas policiais em 1980, quando o fã dos Beatles Mark David Chapman matou a tiros o músico John Lennon, citando em seguida a obra como inspiração para o ato e afirmando que "esse livro extraordinário contém muitas respostas".

Depois dele, foi a vez de John Hinckley Jr, o homem que atirou em 30 de março de 1981 no então presidente norte-americano Ronald Reagan, apontar a obra como fonte de inspiração.

Apesar do sucesso, entre 1961 e 1982 "O Apanhador no Campo de Centeio" foi o livro mais censurado nas escolas e livrarias dos Estados Unidos. As explicações incluem linguagem vulgar, referências sexuais, blasfêmia, questionamento aos valores familiares e condutas morais, encorajamento de rebeldia e promoção de bebidas alcoólicas, cigarros, mentiras e promiscuidade.

No cinema, o filme Teoria da conspiração traz em seu personagem principal, o taxista Jerry Fletcher, um homem solitário como o próprio Salingir, embora aparentemente mais paranóico, que tem verdadeira compulsão pelo livro.

Resta-nos aguardar a família do autor decidir publicar seus inéditos, para que possamos usufruir de sua literatura ágil e limpa.

Socó Pombo

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Luto

Foto do antropólogo em suas expedições pelo Brasil
"Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele"
Claude Lévi-Strauss
O antropólogo, filósofo, crítico e acadêmico Claude Lévi-Strauss morreu, aos 100 anos, na madrugada do último domingo (1/11). O anúncio foi feito apenas nesta terça-feira (3/11) pela Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris (França).
O pensador iniciou faculdade de direito na Sorbonne, porém não concluiu o curso, voltando-se para Filosofia.
Conhecido como o fundador da antropologia estruturalista (foi o primeiro estudioso a aplicar princípios científicos rígidos das ciências exatas como fisico-química e biologia nos estudos antropológicos e sociológicos, influenciando outras áreas, como a Linguística e a Psicologia), Lévi-Strauss participou, na década de 1930, da missão francesa que organizou alguns dos cursos da Universidade de São Paulo (USP) pouco após sua fundação, em 1934.
Por esta época viajou pelo centro-oeste do Brasil, nas matas do cerrado e do pantanal, estudando as línguas e costumes dos povos indígenas, em especial entre os índios Bororo e Nhambiquara, em companhia de sua esposa. Tais estudos deram origem à sua vocação antropológica e ao livro Tristes Trópicos, sua mais famosa obra. São destacáveis seus interesses na influência dos mitos e das relações familiares como motores na formação das sociedades, além do estudo dos mecanismos da cognoscência humana.
Em 1973, foi eleito para a Academia Francesa.
Caetano Veloso cantou a relação do antropólogo belga radicado na França com o Brasil na música O Estrangeiro:
“O antropólogo Claude Lévi-Strauss detestou a Baía de Guanabara
Pareceu-lhe uma boca banguela” (não encontramos ainda vídeos desta música).
Mário de Andrade recebeu importante colaboração de Lévi-Strauss na sua pesquisa das produções populares brasileiras.
Os gênios não morrem: permanecem perenes em sua obra.
Um século de vida é coisa rara. Um século de produtividade, inteligência e lucidez é para gigantes.

Socó Pombo