quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Luto

Foto do antropólogo em suas expedições pelo Brasil
"Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele"
Claude Lévi-Strauss
O antropólogo, filósofo, crítico e acadêmico Claude Lévi-Strauss morreu, aos 100 anos, na madrugada do último domingo (1/11). O anúncio foi feito apenas nesta terça-feira (3/11) pela Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris (França).
O pensador iniciou faculdade de direito na Sorbonne, porém não concluiu o curso, voltando-se para Filosofia.
Conhecido como o fundador da antropologia estruturalista (foi o primeiro estudioso a aplicar princípios científicos rígidos das ciências exatas como fisico-química e biologia nos estudos antropológicos e sociológicos, influenciando outras áreas, como a Linguística e a Psicologia), Lévi-Strauss participou, na década de 1930, da missão francesa que organizou alguns dos cursos da Universidade de São Paulo (USP) pouco após sua fundação, em 1934.
Por esta época viajou pelo centro-oeste do Brasil, nas matas do cerrado e do pantanal, estudando as línguas e costumes dos povos indígenas, em especial entre os índios Bororo e Nhambiquara, em companhia de sua esposa. Tais estudos deram origem à sua vocação antropológica e ao livro Tristes Trópicos, sua mais famosa obra. São destacáveis seus interesses na influência dos mitos e das relações familiares como motores na formação das sociedades, além do estudo dos mecanismos da cognoscência humana.
Em 1973, foi eleito para a Academia Francesa.
Caetano Veloso cantou a relação do antropólogo belga radicado na França com o Brasil na música O Estrangeiro:
“O antropólogo Claude Lévi-Strauss detestou a Baía de Guanabara
Pareceu-lhe uma boca banguela” (não encontramos ainda vídeos desta música).
Mário de Andrade recebeu importante colaboração de Lévi-Strauss na sua pesquisa das produções populares brasileiras.
Os gênios não morrem: permanecem perenes em sua obra.
Um século de vida é coisa rara. Um século de produtividade, inteligência e lucidez é para gigantes.

Socó Pombo

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