quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Mulher Perdigueira e os ciúmes de Carpinejar



Há pouco estivemos numa conversa com Carpinejar, sobre o seu livro de crônicas Mulher Perdigueira, que vai já na segunda edição. O bate-papo aconteceu na livraria FNAC de Porto Alegre. O escritor gaúcho tem uma estratégia eficiente para disfarçar a timidez: trajando calça apertada vermelha, blusa multicolorida, óculos gigantescamente vermelhos e uma mochila preta, combinando com as unhas da mão esquerda, avisa a todo mundo que está na área.
Na crônica que dá título ao livro o autor faz uma defesa dos ciúmes e da possessividade. Em todos os textos há um tom confessional, não para remissão de pecados, e sim de memórias ou desabafos de mesa de botequim. Não falta o riso, mesmo a gargalhada da embriaguez. O mesmo tom foi dado ao bate-papo, como o ouvinte poderá acompanhar no vídeo (peço que preste atenção apenas ao áudio, já que as poucas fotos são em má qualidade, o que ajuda a esconder a feiura dos personagens). Nada do rebuscamentos ou hierarquias de distanciamento. Em determinados momentos parecia até mesmo uma terapia em grupo sem psicologismos, tão íntimos ficaram todos. Um grupo de literaturólatras anônimos, com exceção de Fabrício.
Destaque para minha sobrinha, Mariana, que aos dezesseis meses já participou ativamente do debate, fazendo salutares questionamentos e arrancando a admirada atenção dos participantes, inclusive do próprio autor.
Entretanto, não se engane com a simplicidade das palavras de Carpinejar: há sempre uma poesia perdida nas entrelinhas, escorrendo pelas páginas, gotejando sobre o leitor.

Amâncio Siqueira

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